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'Homem-Aranha: Longe de Casa' exagera nas referências a 'Vingadores: Ultimato' e só entrega ouro no pós-créditos

Novo filme do Amigão da Vizinhança é comédia romântica adolescente, com mundo de super-heróis como pano de fundo; leia nossa crítica

Pedro Rocha Publicado em 06/07/2019, às 09h11 - Atualizado às 12h03

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Cena do filme 'Homem-Aranha: Longe de Casa' - Divulgação/Sony
Cena do filme 'Homem-Aranha: Longe de Casa' - Divulgação/Sony

O primeiro filme depois do fenômeno Vingadores: Ultimatochegou. Homem-Aranha: Longe de Casa estreou na última quinta-feira (4) trazendo o mundo pós-Thanos e o luto de Peter Parker (Tom Holland) pela morte de Tony Stark (Robert Downey Jr.). 

Os acontecimentos grandiosos do filme anterior permeiam todo o enredo da trama do novo longa. Todinho mesmo, do começo ao fim. Mencionar os eventos era necessário, claro, mas as referências ao Universo Marvel começam a ficar cansativas.

Afinal, já são 22 filmes fazendo as mesmas piadas ao citar os heróis que não aparecem no longa da vez. Thor, Capitã Marvel e Doutor Estranho são constantemente mencionados como efeito cômico, o que já não parece mais tão legal assim, especialmente no filme solo de um dos heróis mais amados de todos os tempos. 

++ Como 'Homem-Aranha: Longe de Casa' se encaixa no mundo pós Thanos e 'Vingadores: Ultimato'

Talvez, o maior problema de Longe de Casa é que o Homem-Aranha está, na maior parte do tempo, longe de quem ele realmente é. E não é culpa do Tom Holland, que brilhantemente vive, pela quinta vez, Peter Parker. Mas faltam, e perdoem aqui o fã chato, os elementos clássicos do Aranha. No seu filme solo, ele continua como um Vingador - e não como o Amigão da Vizinhança. 

Algo que, é preciso confessar, é totalmente resolvido nas cenas pós-créditos. Mas era preciso esperar tanto? 

Comédia romântica adolescente

Um outro possível problema, mas aqui depende do gosto cinematográfico de cada um, é o exagero também nos romances. Todo o filme é uma comédia romântica que poderia muito bem estar na Netflix e ser estrelada pelo Noah Centineo. Com a diferença de que há, como pano de fundo, uma trama de super-heróis. 

A história é a seguinte: Peter está traumatizado pela morte de Tony Stark e pelos efeitos do estalar de dedos do Thanos. Ele próprio sumiu por cinco anos e volta com a mesma idade em que sumiu. Quem permaneceu na Terra está cinco anos mais velho. Sem querer "trabalhar" como herói, ele decide ignorar os chamados de Nick Fury e viaja para Europa com os amigos da escola, com um grande plano de se declarar para MJ (Zendaya) na Torre Eiffel. 

++ 'Homem-Aranha: Longe de Casa' ganha prévia mostrando novos uniformes

O plano dá errado. Surge um grupo terrível de monstros, chamados Elementais, e também um novo herói, que fica conhecido como Mysterio (Jake Gyllenhaal). Porém, Peter não está nem aí, ele só quer seguir com seu plano de conquistar MJ - até que não dá mais e ele precisa voltar ao seu uniforme de Aranha (mas, na verdade, só para salvar MJ no fim das contas). Ao mesmo tempo, a tia May (Marisa Tomei) inicia um flerte com o ex-assistente de Tony Stark, Happy (Jon Favreau), e Ned (Jacob Batalon) vive um romance intenso com a novata Betty - vivida por Angourie Rice, que muitos vão reconhecer como a fã da Ashley O do episódio de Miley Cyrus em Black Mirror

Mas chega de reclamar. Somos apenas fãs chatos do Homem-Aranha. O filme, no geral, é bom sim. Tentamos evitar os spoilers, mas agora não dá mais. 

Mysterio, multiverso (?) e muitos spoilers!

Sério, cuidado com spoilers a partir de agora.

Algo genial do filme é que o vilão Quentin Beck, o Mysterio, não é alguém super-poderoso. Ele não passa de um ex-funcionário insatisfeito de Tony Stark que, para se vingar do finado patrão, decide roubar as principais tecnologias que ajudou a criar - ao mesmo tempo que se torna um novo herói amado e aclamado pelo mundo. 

Com a ajuda de drones que projetam imagens de altíssima qualidade, ele faz o mundo, incluindo Peter Parker e Nick Fury, acreditar que ele está derrotando os Elementais e salvando o planeta. As brincadeiras com as imagens projetadas por ele são muito bem feitas. São os pontos altos do filme. 

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Mas o Mysterio traz algo decepcionante também. Ele explica, no início, que existe um multiverso - ele próprio teria vindo de outra Terra - o que faz os fãs criarem expectativas de ver mais personagens do Aranhaverso em live-action.

Ele até cita que a Terra em que Peter Parker vive é a de número 616, a mesma dos quadrinhos da Marvel: é para deixar qualquer fã com a expectativa lá em cima! Mas, assim como suas projeções, era tudo mentira. É oficial, Homem-Aranha: Longe de Casa NÃO apresenta um multiverso do Aranha.

Porém, ainda há esperanças, e o que ajuda a confundir tudo é uma aparição na primeira das duas cenas pós-créditos do filme. Lembra que a gente reclamou da falta de elementos clássicos do Homem-Aranha no filme? Pois bem, tudo é resolvido aí.

O ator J.K. Simmons faz uma participação como J. Johan Jameson, chefe Clarim Diário, conhecido por perseguir o Amigão da Vizinhança em seu jornal. E sim, você leu o nome corretamene, é o mesmíssimo Simmons viveu o mesmíssimo personagem na trilogia original de Homem-Aranha no cinema, quando Peter Parker era vivido por Tobey Maguire. Há uma relação entre as duas franquias? Ainda é um mistério. 

Muito provavelmente, um eventual próximo filme solo de Tom Holland como Peter Parker deve trazer um Homem-Aranha mais clássico, focado em seu próprio mundo, longe do universo de Vingadores. Apesar de, no entanto, sua identidade ser revelada ao mundo por Jameson.

Mas um Peter Parker mais centrado em si próprio é algo necessário para honrar o personagem. 

Este filme esteve tão conectado ao grande Universo Marvel que descobrimos ao final, inclusive, que em todo o tempo todo era o skrull Talos (Ben Mendelsohn), apresentado em Capitã Marvel, se passando por Nick Fury.

++ Mysterio explica multiverso em cena de 'Homem-Aranha: Longe de Casa'

No geral, Homem-Aranha: Longe de Casa é um filme divertido, que agrada os fãs do Universo Marvel, pode não agradar tanto os fãs de Peter Parker, mas deixa um bom caminho para o personagem seguir de forma independente.